sempre quis tocar a lua. descobri que há várias formas de lá chegar. não é preciso ser-se astronauta afinal.









sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

espero por ti

eram seis horas da manhã e não conseguia dormir.
o meu corpo estava colado à cama, enroscado num cobertor amarelo.
olhei para o candeeiro no tecto. estava a ficar com manchas.
é raro olhar para o tecto.
bem me tinham avisado para não comprar branco.
gosto do branco.
sentia frio. o meu coração batia rápido nos meus ouvidos.
nem conseguia sequer sonhar.
eu sei o que se passa.
houve um tempo em que era fácil.
sem mais nem menos, surgiam-me inúmeras películas.
notas musicais e beijos roubados.
desencontros propositados e despropositados reencontros.
romantismos de mercado, baratos e bons.
agora já não me basta sonhar.
sentia o tempo caminhar a meu lado também deitado.
num grito surdo-mudo, levantei-me tenso e parti.
os primeiros vestígios daquele dia surgiram em tons de cinza e violeta.
estava frio. estava silêncio.
os gatos espreguiçavam-se.
gosto de ver os gatos a bocejar. fazem-me rir.
naquele momento, desejei um ombro para abraçar.
a humidade no chão adivinhava chuva.
passou uma galinha por mim. o que fazia ali uma galinha?
inspirei o ar fresco. olhei à minha volta.
a pouco e pouco o mundo acordava. e eu desejava dormir.
vou comprar um relógio e acertar as horas com o tempo.
entrei num café. cheirava a lixívia e a pão acabado de fazer.
bebi um chocolate quente.
soube bem.