sempre quis tocar a lua. descobri que há várias formas de lá chegar. não é preciso ser-se astronauta afinal.









segunda-feira, 3 de outubro de 2011

pai

ainda mal andava e lá ia eu
a caminho do mar. a ziguezaguear.
davas-me sempre a mão.
na tua mão,
senti que a areia me fazia cócegas.
eu ria, ria muito.
mas tu não sabias porquê.
rias também.
se soubesses o quanto ri com tão pouco.
um grão de areia apenas
fazia-me soltar a maior das gargalhadas.
a água fria é que me fazia chorar e gritar.
mas era o frio que me incomodava
não era o medo como pensaste.
na tua mão,
não sentia medo. Queria ir mais além,
brincar com as ondas como fazem as gaivotas.
não me deixavas, puxavas-me para trás.
eu ria, ria muito.
mas tu não sabias porquê.
rias também.
e pegavas-me ao colo sempre que a onda era grande.
era tudo tão grande. E eu pequenina, tão pequenina.
na tua mão,
sentia-me grande.
foi nesse dia que,
na tua mão,
soube porque és meu pai.

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