lembro-me de me sentar a teu lado e perguntar porque me segue a lua.
lembro-me de olhares para mim e sorrires sem responder.
o cheiro a trigo seco, lembras-te?
os pirilampos alumiavam o caminho aos grilos.
tive um numa caixinha de fósforos.
tamanha crueldade, sem maldade.
lembro-me de me sentar a teu lado e perguntar porque o sol mergulha no mar.
lembro-me de olhares para mim e sorrires sem responder.
o cheiro a nivea, lembras-te?
como gostava de tirar a prata da caixa azul e estrear o creme.
as pulgas da areia pulavam de contente.
a mim irritavam-me e ainda me irritam.
lembro-me de me sentar a teu lado e perguntar porque tem o arco-iris sete cores.
lembro-me de olhares para mim e sorrires sem responder.
o cheiro a terra molhada, lembras-te?
as andorinhas despediam-se dos ninhos e partiam.
os cadernos a estrear e lápis por afiar.
os livros com a matéria nova em folhas brilhantes.
lembro-me de me sentar a teu lado e perguntar porque sou tua neta.
lembro-me de olhares para mim e sorrires sem responder.
agora percebo porque nunca me respondeste.
para que continue a perguntar.
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